Tradição, celeiro de craques e uma camisa que fez história. No segundo episódio da série ‘Pequenos Gigantes’, que começou com a Portuguesa-RJ, vamos contar um pouco da história do Madureira Esporte Clube.
Fundado em 1914 com o nome de Fidalgo Madureira Atlético Clube, o time, localizado no chamado Coração da Zona Norte carioca, passou por diversas fusões. As mais importantes aconteceram nos anos de 1933 [quando a instituição foi renomeada como Madureira Atlético Clube] e 1971 [quando nasceu o atual Madureira Esporte Clube].
No Campeonato Carioca, o Tricolor Suburbano é o sétimo com mais participações [72 no total], e embora jamais tenha conquistado o título principal possui uma história rica no estadual: foi vice-campeão em 1936 e 2006, e na temporada 2007 teve em Marcelo um dos artilheiros do certame.
Mas se os resultados não foram dos mais grandiosos, o mesmo não podemos falar da quantidade de craques que já vestiram a camisa tricolor. O estádio de Conselheiro Galvão testemunhou alguns dos gigantes de nosso futebol desfilarem antes de chamarem a atenção dos gigantes.
Foi lá, na década de 1940, que a trinca formada por Lelé, Isaias e Jair Rosa Pinto espantou o futebol carioca . Apelidados como “Os Três Patetas”, eles deixavam as defesas adversárias abobalhadas, mas quem não marcou bobeira foi o Vasco, que em 1943 contratou o trio que seria fundamental no sucesso do histórico Expresso da Vitória.
Também foi onde Evaristo de Macedo começou a sua incrível carreira [com passagens posteriores por Flamengo, Seleção Brasileira, Barcelona e Real Madrid], teve a honra de ver Didi, o ‘Míster Football’, vestir a sua camisa antes de fazer história por Fluminense, Botafogo e ser campeão mundial. Ou seja: parte importante do nosso futebol está nas gramas de Conselheiro Galvão.
Só que o Madura também fez história por suas excursões pelo exterior. De acordo com o site oficial do clube, o Tricolor Suburbano detém o recorde de maior viagem para o estrangeiro: foram 144 dias de compromissos em 1961, entre Europa, Ásia e Estados Unidos. O saldo foi respeitável, dentro da realidade do clube, com 23 vitórias, três empates e dez derrotas, mas o encanto ficou pelo jogo ofensivo: 107 gols marcados, média de quase três por partida.
Em uma verdadeira rota mundial, o Coração da Zona Norte se fez representado em Hong Kong e Japão, deixando evidente o DNA desbravador. No entanto, o que entrou para a história mesmo foi a passagem por Cuba, no auge da Guerra Fria, em 1963.
Na Ilha caribenha, foram cinco jogos e 100% de aproveitamento – inclusive sobre o Industriales, campeão local, e contra uma seleção de Havana. Mas aquela viagem ficou na eternidade por dois motivos especiais: uma foto, e a sua consequência anos depois.
Ernesto Che Guevara, então ministro da Indústria no país, acompanhou in loco a vitória por 3 a 2 sobre a seleção de Havana. O guerrilheiro argentino, que também era fã de futebol e dizia-se torcedor do Rosário Central, tirou uma foto com o elenco tricolor. Em 2013, para comemorar os 50 anos da histórica viagem, o clube lançou uniformes com a clássica imagem do guerrilheiro estampada.
A peça, nas cores grená ou nas estilizada na bandeira de Cuba, fez sucesso até mesmo no exterior. E até hoje é um verdadeiro tesouro para os colecionadores. Mas a verdade é que o Tricolor Suburbano, sim, é uma grande joia do futebol carioca.