A perda da hegemonia no futebol português do FC Porto para o Benfica é, nesta altura, já uma evidência, e para o atual técnico do Belenenses, Domingos Paciência, tem uma explicação bem simples e direta.
"O FC Porto não soube preparar o futuro. Quando foi campeão europeu com a geração do Gomes, Lima Pereira ou Frasco, pensei que o clube ia começar a apostar em jogadores de renome internacional. Não foi isso que aconteceu, o FC Porto continuou fiel à aposta na formação, nos jogadores portugueses, e com isso manteve a hegemonia em Portugal. A partir de um determinado momento, e fruto do seu crescimento, o FC Porto começou a apostar em nomes fortes e a comprar muito caro", atentou o antigo jogador dos 'dragões', que se usou a ele mesmo como exemplo para explicar melhor a sua ideia.
"Por exemplo, eu fui vendido ao Tenerife por oito milhões de euros, muito dinheiro, e passados uns anos vejo o clube a comprar, por esse mesmo valor, o Diego Reyes, que passou a maior parte do ano a jogar na equipa B. Se calhar, houve outros clubes, como o Benfica, que trabalharam melhor", afirmou Domingos, em declarações ao jornal 'O Jogo'.
O antigo internacional português referiu ainda que, face ao que tem visto neste mercado, não acredita que o rumo se esteja a inverter para uma maior aposta na formação, por parte dos responsáveis portistas: "Não sei, tenho dúvidas. Tenho mesmo muitas dúvidas. Aqui falo na condição de adepto e sócio do FC Porto há 27 anos: ainda agora o clube transferiu o Francisco Ramos para o V. Guimarães e o Tomás Podstawski para o V. Setúbal, tendo ficado com 50 por cento do passe. Portanto, essa aposta na formação não parece existir".
Importa ainda recordar que Rúben Neves e André Silva, outros dois elementos formados nos 'azuis e brancos', também saíram neste mercado, embora por quantias avultadas.