Liverpool jamais voltará a ser gigante se continuar a vender jogadores como Coutinho

Em primeiro lugar, é preciso dar os parabéns.

Jurgen Klopp tinha três nomes em mente para reforçar o Liverpool, no início desta temporada: Mohamed Salah, Naby Keita e, por último, o zagueiro Virgil van Dijk.

Ainda que tenha levado três janelas de transferências, ao invés de uma, na próxima temporada o comandante dos Reds já poderá escalar os três em seu time titular.

Donos do clube de Anfield, o Fenway Sports Group (FSG) viu inúmeros alvos escaparem ao longo dos sete anos em que dita os rumos do Liverpool. No entanto, tiveram sucesso ao acertarem com Naby Keita, do RB Leipzig, da Alemanha, por cerca de 30 milhões de libras. O grande valor foi superado recentemente com o pago para contar com Van Dijk.

O grande problema é que a trinca chega ao Liverpool com um grande asterisco, que deixa evidente o ‘cobertor curto’ dentro da montagem de elenco. Vários torcedores se perguntam se o dinheiro usado não veio através de um acordo com o Barcelona, pela eventual venda de Philippe Coutinho.

A impressão é de que Jurgen Klopp jamais conseguirá ter o seu elenco ideal: enquanto melhora um setor do time, outro sofre com a saída de jogadores importantes que preferem viver o auge por outras equipes.

Há muito tempo o Liverpool não faz jus à sua tradição vitoriosa. Sob a administração FSG, os Reds levantaram apenas uma Copa da Liga Inglesa em 2012. Alguns torcedores adultos, por exemplo, jamais comemoraram com grande assiduidade os maiores títulos. Durante este processo, o gigante de Anfield se apequenou e viu times como Manchester City e Chelsea ocuparem parte de seu protagonismo.

Torres, campeão europeu com o Chelsea em 2012

Fernando Torres e Raúl Meireles, por exemplo, deixaram Anfield e conquistaram a Champions League pelo Chelsea; Sterling vive grande fase com o Manchester City, e muito provavelmente será campeão inglês em 2018.

A história continua: embora tenha sido fundamental no emocionante título da Champions League em 2005, Xabi Alonso deixou Anfield e seguiu colecionando troféus importantes por Real Madrid e Bayern; Javier Mascherano e Luis Suárez trilharam caminhos semelhantes no Barcelona.

Suárez deixou o L'pool e coleciona títulos no Barça (Fotos: Getty Images)

O problema não são os jogadores, e sim a escolha de brilharem mais em outros clubes – algo que, levando em consideração a seca de títulos em Anfield, coloca um sabor ainda mais amargo para o torcedor. Embora não saibamos se a postura no mercado de transferências [comprar barato e vender caro] seja uma ordem da FSG, fato é que nenhum outro gigante inglês vende tanto os seus grandes destaques.

Coutinho deve ser apenas mais um. A tendência é que o brasileiro deixe a Inglaterra neste início de ano para reforçar o Barcelona, mesmo sem poder jogar a Champions League caso isso aconteça – por já ter atuado no torneio com a camisa do Liverpool.

É claro que o Liverpool deseja que Philippe Coutinho siga até o término da temporada: seja para ajudar na campanha da Champions League, ou para garantir a vaga dos Reds na próxima edição do certame.

Mas enquanto o futuro de Coutinho ainda é dúvida, a certeza é apenas uma: o Liverpool não conseguirá voltar a ser grande se continuar vendendo os seus grandes destaques.