Em primeiro lugar, registre-se! O mercado brasileiro está estagnado. Os clubes, mesmo os mais abastados, não fizeram grandes anúncios até aqui. No geral, as transações confirmadas foram retornos ou anúncios de empréstimos entre as equipes.
Está difícil contratar no Brasil, é fato! Todavia, a nova diretoria do Cruzeiro está realizando um festival de trapalhadas nas negociações. Situações que complicam transações adiantadas, que irritam empresários, diretores de clubes rivais e, até mesmo, os atletas do próprio clube.
A primeira trapalhada foi no caso Bruno Silva e começou com a antiga diretoria. Ao avisar, ainda em outubro, que o jogador já estava contratado pelo clube, Gilvan irritou o Botafogo e colocou o atleta em maus lençóis. Seus últimos jogos no clube foram repletos de vaias e o clube alvinegro tratou de dificultar o negócio o máximo que pode.
Por pouco, aliás, Bruno não terminou no Internacional. E o negócio se arrasta, apesar das inúmeras confirmações do Cruzeiro da proximidade do acerto.
Investidas diretas em jogadores com vínculo também irritaram os rivais. A tentativa de contratar Lucas Pratto provocou até uma crise na diretoria paulista. Recentemente, também o Grêmio reclamou de assédio a Edilson e negou que tenha liberado o atleta para conversar com o Cruzeiro.
Verdadeiras ou não as queixas dos rivais, elas só existiram porque o responsável pelo futebol do clube, Itair Machado, foi quem alimentou as especulações na imprensa.
Na ânsia de mostrar trabalho, Itair tem corrido para os microfones e revelado cada ação cruzeirense no mercado. Parte da torcida esnoba quando os diretores rivais pedem Arrascaeta nos negócios em desenvolvimento, mas é uma demonstração clara dos rivais de insatisfação com a exposição da negociação de ativos importantes em seus clubes que não tem garantia alguma de que irão se realizar.
É um "quer tirar este atleta importante daqui? Beleza! Mande o Arrascaeta então!" Só que isto também endurece as rodas de negociação.
Nas saídas então, novas ações equivocadas. Diogo Barbosa e Hudson tiveram garantias públicas do clube de suas permanências. Os empresários de ambos mostraram insatisfação com os pronunciamentos do clube, com os prazos solicitados, e não cumpridos, e o caldo entornou com a manifestação do próprio Hudson, fazendo questão de destacar os esforços apenas da antiga diretoria, seguida de protestos de Rafael Sóbis, Arrascaeta, Thiago Neves e Dedé em distintas redes sociais.
Por fim, na negociação com David o presidente do Vitória fez questão de cobrar publicamente a apresentação de uma proposta oficial do Cruzeiro para, enfim, considerar que há de fato uma negociação pelo atleta. Mais uma vez, a precocidade de ir aos microfones se tornou um problema.
A dificuldade de contratar ou de manter jogadores com cláusulas duras de renovação é compreensível. Todavia incomoda, e muito, a postura do Cruzeiro até aqui no mercado. De respeito aos rivais e, principalmente, de fazer questão de debater tudo publicamente.
É urgente que o Cruzeiro reaprenda a trabalhar em silêncio e com respeito aos rivais. Não há expectativa ou necessidade de mostrar trabalho que justifique a postura nesta janela. Corrigir esta situação é fundamental.
Texto por João Henrique Castro