Já classificado para a Copa do Mundo de 2018, não era um absurdo imaginar que o Brasil pudesse sofrer a sua primeira derrota com Tite em jogos oficiais. Afinal de contas, o adversário era a Colômbia, vice-líder das Eliminatórias e que ainda jogava em casa. Uma vitória sobre o 'Escrete Canarinho' deixaria os 'Cafeteros' ainda mais próximos de garantirem vaga no Mundial da Rússia, a duas rodadas do fim dos jogos classificatórios.
A fase excelente fez com que o Brasil não se prendesse à manutenção do time titular, prática comum em caso de segurança. Tite escalou o seu time com Fernandinho no meio-campo e Roberto Firmino no ataque: dois jogadores reservas [entraram nas respectivas vagas de Casemiro e Gabriel Jesus] que várias equipes nacionais sonhariam em ter à sua disposição, tamanha a qualidade das peças que brigam pelo espaço no 11 inicial da Seleção.
Sob a mesma estrutura tática [o 4-1-4-1 que se alterna para o 4-3-3], as alterações sofridas no time em relação à vitória contra o Equador [Filipe Luís no lugar de Marcelo, suspenso; Thiago Silva na vaga de Miranda, lesionado, e as presenças de Firmino e Fernandinho] não diminuíram a qualidade do futebol jogado. E estamos avaliando uma equipe que já alcançou o seu objetivo, e poderia muito bem cair de rendimento com esse cenário.
Mas o Brasil jogou como Brasil. E não subestime o poder dessa frase, mesmo que a partida contra os colombianos tenha terminado empatada em 1-1. A Seleção perdeu o 100% de aproveitamento sob o comando de Tite nas Eliminatórias, mas jogou como se ainda não estivesse classificada. Arriscou mais arremates a gol [13 a 10], teve maior posse de bola [52,3%] e distribuiu os seus 479 passes com mais sucesso [aproveitamento de 86,4% em relação a 83,5% dos colombianos].
O único ponto negativo foi a jogada do empate colombiano, com Santiago Arias passando tranquilamente pelo lado esquerdo antes de cruzar a bola. E lá, dentro da área, Falcao Garcia não encontrou dificuldades para, sozinho, cabecear enquanto três defensores só olhavam o lance. Durante boa parte da partida, os donos da casa apostaram suas fichas no lado esquerdo. Encontravam dificuldades, mas a insistência valeu a pena.
Mesmo assim, vale ressaltar a qualidade de um time com um articulador como James Rodríguez – que mesmo sem estar em seu melhor momento criou o espaço para Arias fazer o cruzamento fatal – e de um atacante com o instinto goleador de Falcao García. Dito isso, hoje a Seleção Brasileira se porta de tal maneira que os donos da casa se mostraram satisfeitos com o empate [só arriscaram um chute a gol, de longe, após o 1 a 1].
Sem relaxamento, o Brasil mostrou um futebol ofensivo e de troca de passes mesmo atuando longe de seus domínios. E deixou o seu tempero de encanto com o golaço de Willian, ao aproveitar assistência tão simples quanto fantástica de Neymar para soltar um foguete de fora da área: a clássica Seleção, naquele estilo que tanto os avós quanto os netinhos se orgulham de ver. Tão icônica quanto a presença de um cão pelos gramados sul-americanos de futebol.
Texto por Tauan Ambrosio