A conquista da Supercopa da Espanha pelo Real Madrid, ao bater o Barcelona por 2 a 0 [5 a 1 no placar agregado] nesta quarta-feira (16), é um alerta do que podemos ver ao longo desta temporada. Além disso, mostra a antítese na montagem de elenco dos arquirrivais ao longo dos últimos anos.
Nos dois confrontos, os atuais bicampeões da Champions League foram amplamente superiores. Dentro do Camp Nou, na ida, a equipe de Zidane apostou nos contra-ataques, levou mais perigo nas suas chegadas [7 arremates a gol contra 6]e a vantagem para a volta só não foi maior porque o juiz ainda assinalou um pênalti inexistente em Luis Suárez. No final das contas, merecidos 3 a 1.
O jogo do título marcou uma superioridade ainda maior do Real Madrid. Dentro do Santiago Bernabéu, os merengues não sofreram para vencer o maior rival. Ernesto Valverde optou por congestionar o meio-campo, deixando Deulofeu no banco e apostando em um 3-5-2 com Messi e Suárez se movimentando no ataque culé.
Asensio voltou a mostrar futebol em alto nível
Mas qualquer que fosse a estratégia do novo comandante, ela caiu por terra logo aos 4 minutos. De fora da área, Marco Asensio voltou a demonstrar a sua grande habilidade e basicamente revolveu a contenda com um golaço em tiro de longe. Benzema ampliou ainda no primeiro tempo, em outro momento que evidenciou a incompetência barcelonista na montagem recente de seu elenco: antes de arrematar a gol, o francês tomou a frente do compatriota Umtiti e nocauteou os catalães.
Benzema não perdoou o erro de Umtiti
E se no primeiro tempo o Real Madrid mostrou boa parte do seu poder ofensivo - contando com excelentes atuações de seus homens de meio-campo [Kovacic, Modric e Kroos beiraram a perfeição na transição defesa/ataque], a boa movimentação de Lucas Vásquez e Asensio e a profundidade dada por Benzema no ataque - a etapa derradeira foi a hora de exibir ao mundo que o time 2017-18 é superior ao Barcelona em todos os setores.
Crônica: Real Madrid 2x0 Barcelona Barça usa 'táticas sujas' Altos e baixos em La Liga
Ilhados em meio a um time absolutamente perdido e sem força de reação, Messi e Suárez eram os únicos que levavam perigo. Juntos, foram responsáveis por 8 dos 12 arremates a gol dos visitantes. Entretanto, não conseguiram estufar as redes em uma noite especialmente segura do zagueiro Varane. Além de ter levado mais perigo, o Real Madrid ainda acabou com uma sequência de 31 embates contra o rival na qual teve menor posse de bola [53,4% contra 46,6%]. Ou seja: superioridade absoluta.
O peso nunca foi tão grande nas costas de Messi... nem sempre funciona (Foto: Getty images)
Ainda que tanto Messi quanto Suárez tenham acertado a trave, uma vez cada, o triunfo madridista não foi questionado em nenhum momento dos 90 minutos. O argentino e o uruguaio são craques além de quaisquer dúvidas, mas ainda que possam decidir muitas partidas nem sempre vão resolver a favor de um time com tamanha dependência dos camisas 10 e 9. A individualidade resolve bem menos quando lhe falta um apoio de grupo.
Os recorrentes erros barcelonistas nos últimos mercados de transferências, especialmente nos setores de defesa e meio-campo, estão cobrando a sua conta. A saída de Neymar para o PSG deixou um buraco imenso a ser preenchido pela criticada administração de Josep Maria Bartomeu. E ainda que a chegada de Philippe Coutinho esteja próxima, pode não resolver uma coleção de erros no passado.
Nova taça, e igualando o 5 a 1 no agregado aplicado em 1990
Em contrapartida, o Real Madrid segue mostrando que não depende exclusivamente de Cristiano Ronaldo. O português desequilibra, e mostrou isso ao sair do banco de reservas para anotar um golaço no jogo de ida. Entretanto, a sua ausência não foi sentida perante o maior rival. Isso porque os merengues contam com um elenco cheio de boas opções: sai Casemiro? Tem Kovacic. Não tem Isco, mas conta com Asensio e se dá ao luxo de colocar Gareth Bale no banco.
O troféu da Supercopa da Espanha é o menos importante para a temporada do Real Madrid, mas demonstrou perfeitamente o que podemos esperar na briga pelo título nacional em 2017-18: uma equipe forte, contra outra que vai jogar as suas esperanças nas costas de Suárez e, principalmente, Lionel Messi.