“Há males que vêm para o bem” é o ditado popular que há muito tempo conhecemos. Há muitas situações na vida e no futebol que endossam a frase que já faz parte da filosofia de vida popular. Há clubes que precisam de uma temporada em uma divisão inferior para trazerem de volta a raça, vontade e paixão. Há outros que precisam experimentar o pão que o diabo amassou para conseguirem se reerguer com mais força. Há também aqueles que precisam ficar fora da mais tradicional competição europeia pela primeira vez após 20 anos. Sem nenhuma garantia de melhora, o último caso é o do Arsenal.
Desde que assumiu os Gunners, Arsene Wenger nunca ficou de fora do rico certame continental. A temporada do Arsenal foi fraca. Talvez se uma equipe com menos expressão tivesse conseguido os mesmos 72 pontos do clube de Londres, estariam muito satisfeitos e orgulhosos pelo quinto lugar. Mas o Arsenal não é um desses pequenos azarões. Por mais que nunca tenha vencido a Champions League, o clube sempre esteve presente provando sua força como uma potência europeia.
Nessa temporada a 'esquadra vermelha' está fora, mas vai jogar a Liga Europa. Ainda por vezes rechaçada como uma competição sem importância, a UEL é uma oportunidade para o time voltar de forma direta à Liga dos Campeões. Mas será que Wenger levará isso tão a sério?
“Wenger out” (Fora, Wenger) talvez seja uma das expressões mais usadas na Inglaterra nos últimos anos. A permanência do treinador por mais dois anos no clube desagradou grande parte da torcida que já não aguenta mais vê-lo conduzir a equipe. Na última competição doméstica que participou (Copa da Inglaterra), o Arsenal foi campeão. Isso ajudou a amenizar um pouco a insatisfação dos torcedores, mas serviu mais como um paliativo.
Diante de um possível fim de temporada desastroso, Wenger decidiu inovar para seus padrões e usou a inédita – sob seu comando – formação com três zagueiros e acabou dando muito certo. O time se recuperou na reta final e terminou em quinto lugar na Premier League e se sagrou campeão da FA Cup. O problema no Arsenal é que parece ser necessário algo catastrófico para que possam acordar.
Até que ponto Arsene Wenger conseguirá se reinventar nessa nova temporada? Um ano fora da Champions pode acabar sendo ótimo para o francês e para todo o clube. Talvez seja hora de rever todos os conceitos, reequilibrar o elenco e testar novas ideias de jogo. Um ano sem o peso e obrigação do maior campeonato continental do mundo talvez possa fazer bem ao time do norte de Londres para poderem voltar mais fortes em busca do sonho da inédita “orelhuda”.