Manuel Machado é um dos nomes mais conhecidos para quem acompanha a primeira liga portuguesa há alguns anos. O técnico de 61 anos esteve quatro anos e meio seguidos no Nacional da Madeira, antes de ter sido despedido em dezembro.
Assinou pelo Arouca em meados de fevereiro, para substituir Lito Vidigal, e sofreu cinco derrotas em igual número de partidas, o que levou a que saísse desse projeto pouco mais de um mês depois de o ter abraçado.
Agora, o vimaranense falou com o jornal 'O Jogo' e contou o que se passou em ambas as experiências, nesta temporada.
"O problema prende-se com questões mais de fundo. No Nacional, a construção de um plantel que não foi aquela que defendi. Propus a contratação de quatro jogadores e a renovação de cinco. Contrataram 17 jogadores e mais seis ou sete em janeiro. Isso criou uma alteração profunda no quadro de jogadores. Não me parece um grupo mau, mas faltou quem o cimentasse", alertou Machado, antes de falar sobre o caso do Arouca.
"O Arouca é um dossiê diferente. Começaram a trabalhar mais cedo, de forma muito intensa, com alguns treinos de duas horas e meia, a procurar a entrada na Liga Europa. Começou o campeonato em dificuldade, por força de um calendário complicado, soube dar resposta, mas chegado aos 27 pontos ia repetir o ciclo de dificuldade da primeira parte com um grande número de jogadores nucleares lesionados e desgastados. Nas cinco semanas em que estive em Arouca só houve um pecado: o jogo em casa com o Belenenses. Se não fosse isso era um decalque da primeira volta. Isto gerou desconforto na direção e sou o primeiro a deixar as pessoas confortáveis", afirmou.
Manuel Machado que está a viver uma nova experiência, com estes dois despedimentos, na mesma época, de clubes da Liga NOS, algo que revela fazer parte da profissão.
"Qualquer técnico sabe que há muitos sorrisos e cachecóis ao pescoço na entrada, mas tem de estar preparado para ser o primeiro a ser sacrificado quando os resultados não forem os desejados. É inerente à profissão. Qualquer treinador tem de ter como ferramenta sua a capacidade de gerir estes momentos. Acontece a todos, até ao Mourinho e ao Ranieri", concluiu.