O último brasileiro eleito o melhor jogador do mundo pela FIFA, o meia Kaká se despediu do futebol neste final de semana. Aos 35 anos, ele resolveu pendurar as chuteiras mas deixou no esporte um grande legado, principalmente se tratando de Seleção Brasileira.
Revelado nas categorias de base do São Paulo, Kaká fez história no Milan e entrou no hall dos grandes jogadores do clube, foi contratado por 70 milhões de euros pelo Real Madrid, na tentativa do time merengue em refazer os galáticos, mas infelizmente não conseguiu retribuir o investimento e acabou deixando o clube sem grandes as atuações que o consagraram na Itália.
Com três participações em Copas do Mundo, Kaká foi campeão em 2002, com a equipe comandada por Felipão. Ainda um garoto, ele esteve em campo por apenas 25 minutos mas deixou claro que era o futuro e a esperança da Canarinho para os próximos anos.
Um exemplo de atleta, Kaká sempre foi a imagem perfeita. Com boa aparência, educado e muito disciplinado dentro de campo, diferente dos "badboys" da década de 90 que contava com jogadores como Romário, Edmundo e companhia que viviam estampando as capas de jornais por conta do mau comportamento.
Se tornou o queridinho das marcas, o rosto perfeito para os patrocinadores explorarem, fechou vários contratos milionários e foi o pioneiro na época em que o marketing se tornou uma das almas do futebol.
Dentro de campo, Kaká foi o símbolo de uma transição, vivênciou diretamente a mudança de conceitos de preparação física no futebol e foi "programado" para se tornar uma máquina. Chegou na Itália voando, em plena forma física e técnica.
Explorava sua facilitade em flutuar dentro de campo, velocidade e força física para protagonizar as arrancadas mas bonitas vistas em seu período de auge no futebol. Foi assim que ele levou o Milan a três finais de Champions League e faturou uma, de forma incrível, contra o Liverpool, além de outros títulos importantes.
Como referência em sua época, Kaká assumiu o protagonismo na Seleção Brasileira, mas infelizmente nas outras duas Copas que disputou não chegou em bom nível fisicamente. Em 2006, onde o Brasil contava com uma equipe recheada de estrelas, começou o Mundial sendo eleito o melhor jogador da partida da estreia contra a Croácia, onde também anotou o gol da vitória, único do jogo.
Mas não conseguiu manter o ritmo durante o torneio, bem como toda a equipe comandada por Carlos Alberto Parreira e a Seleção acabou sendo eliminada pela França, nas quartas de final. Passado o Mundial da Alemanha, com a aposentadoria de alguns craques da Canarinho e o baixo rendimento de outros, Kaká passou a ser o principal nome brasileiro.
Chegou na Copa de 2010 em um de seus piores momentos fisicamente, mas era o craque brasileiro, o único nome, assim acreditavam os torcedores, capaz de fazer a diferença para a desacredita equipe do técnico Dunga. Longe de sua forma ideal, Kaká fez o que pode e até teve boas atuações, mas o fato de não estar 100% o deixou visivelmente abalado dentro de campo.
Contra a Costa do Marfim, levou cartão vermelho após receber dois amarelos deixando todos impressionados por dar uma cotovelada em Keita, como citado, esse tipo de comportamento não fazia parte do que era o Kaká dentro de campo.
A Seleção Brasileira acabou eliminada pela Holanda, e Kaká fechou seu ciclos em Copas do Mundo com três assistências. Em 2014, no mundial do Brasil, ainda que houvesse esperança sobre a sua participação, o jogador acabou ficando de fora da lista do técnico Felipão.
Ao todo, Kaká marcou 29 gols com a camisa da Seleção Brasileira, ele está entre os 20 maiores artilheiros da história da Canarinho. Carrega consigo praticamente 10 anos como titular do time pentacampeão do mundo, levantou a taça do mundial de 2002, além de duas Copa das Confederações.
Apesar de ter vestido apenas a camisa do São Paulo, tem o respeito e admiração de todos os brasileiros. Aliás, lealdade acabou sendo uma marca em sua carreira. Ele defendeu apenas quatro clubes, todos de diferentes países, ou seja, jamais vestiu a camisa de um rival.
São Paulo, Milan, Real Madrid e Orlando City, além da Seleção Brasileira, títulos, gols, mas acima de tudo admiração e respeito de um profissional que não foi apenas um jogador de futebol mas sim um verdadeiro atleta.