Fiel ao DNA do ‘Futebol Arte’, Marcelo escalou os lugares mais altos e se tornou unanimidade

As comparações no futebol geram dúvidas e debates acalorados: qual é o melhor do mundo entre Messi e Cristiano Ronaldo? Quem é o melhor meio-campista, zagueiro ou atacante. Mas dentre as posições de linha, hoje talvez exista apenas uma unanimidade: Marcelo é o melhor lateral-esquerdo dentre os quatro cantos do planeta.

Isso fica evidente quando se observa o Real Madrid em campo. Além de ter sido escolhido por quatro vezes para ser o lateral-esquerdo na seleção europeia da temporada, feita pela FIFPro, e dos 17 troféus conquistados pela equipe do Santiago Bernabéu [incluindo três Champions Leagues e quatro ligas espanholas], a liderança técnica e psicológica do segundo capitão madridista é inquestionável.

"O Marcelo, hoje, é o melhor lateral-esquerdo do mundo. É um jogador de muita qualidade, técnica... fez uma temporada excelente e pode muito bem crescer”, atesta, com exclusividade, Zico, um dos maiores representantes do futebol brasileiro. “É um jogador acostumado a grandes jogos, sempre acostumado a vencer”, observa o 'Galinho'.

Mas como foi que este carioca, que se apaixonou pelo futebol assistindo aos triunfos da Seleção Brasileira com Romário e Ronaldo, se consolidou em um patamar tão alto no exigente futebol moderno? Respostas como responsabilidade, comprometimento e o fato de integrar um plantel vitorioso são explicações óbvias, mas a resposta vai muito além disso e volta às origens do garoto revelado pela base do Fluminense.

Destaque formado em Xerém, foi em 2005 que Marcelo fez a sua estreia no futebol profissional. No ano seguinte, o talento já era evidente e o Real Madrid fez uma das apostas mais certeiras de sua história.

O treinador do Fluminense naquela época é o mesmo que comanda o Tricolor hoje, e Abel Braga não poupa elogios ao ex-pupilo e tem orgulho por ser parte importante da história do jogador: “Esse moleque nasceu para jogar futebol mesmo. Levava pra cima, não queria nem saber, seja em treino ou em jogo. É um orgulho para mim ter lançado ele, entre tantos outros. Mas ele é quem está num nível mais alto”, afirmou para a 'Goal Brasil'.

Marcão, ex-jogador e ídolo do Fluminense, já era veterano quando dividiu o campo com Marcelo, mas atesta o que disse Abel Braga.

“Na verdade ele sempre foi diferenciado. O Marcelo sempre foi habilidoso, um gênio com a bola no pé. Um grande menino. Ele pegava a bola, dava cambalhota, fazia embaixadinha, dava caneta... e sempre com muita alegria. A gente já sabia que, de alguma forma, ele estaria brilhando em um grande clube”, revelou.

Defensor que mais deu passes para gols na última temporada [foram 12 no total], Marcelo é um jogador que sabe defender muito bem, mas nunca escondeu a sua vocação ofensiva: “O grande valor dele é o nível em que trabalha e a técnica individual, o que fez com que ele chegasse a um clube como o Real Madrid (...) No juvenil e nos juniores, o Marcelo era um jogador exatamente como ele é hoje. Simplesmente isso. Só que hoje ele tem uma confiança inabalável, com muita personalidade, e é um jogador extremamente importante pra equipe e um dos maiores da sua posição no mundo.”, volta a observar 'Abelão'.

E talvez seja por ter sido fiel ao seu dom, à sua habilidade nata que impressiona todos que trabalham e jogam com ele, que Marcelo tenha conseguido escalar tão alto na hierarquia do futebol. Uma posição que hoje lhe confere o posto de titular indiscutível na Seleção Brasileira que vai brigar pelo hexa, em 2018, na Rússia.

O entrosamento com outros jogadores talentos é visto por Abel como um dos grandes trunfos a serem usados por Tite: “A jogada pelo lado esquerdo é muito forte, a mais forte que nós temos. Às vezes, o Neymar está muito aberto e o Marcelo entra em diagonal. Quando o Neymar fecha junto com o Gabriel Jesus, ele aparece muito bem pelo lado do campo. Sem falar que tem um arremate e um cruzamento muito bons. Pra mim, é titular absoluto”, completou.

*Com colaboração de Mounique Vilela e Raisa Simplicio