Jóia do Internacional, passagem apagada pelo Botafogo, carinho especial por Abel Braga e atualmente vivendo na cidade natal de Cristiano Ronaldo. Sem dúvida, Murilo Costa, de apenas 22 anos, tem muita história para contar. O torcedor 'Colorado' lembra dele?
O jovem atacante, que atuou na base do clube gaúcho e foi considerado por torcedores e dirigentes como uma das grandes promessas, assinou com o Botafogo ainda em 2014 após não ter entrado em acordo para a renovação de seu contrato.
Na época, a diretoria alegou que o empresário do atleta inflacionou a pedida sob os direitos econômicos do jogador. No entanto, passados alguns anos, Murilo admitiu não sentir mágoa de seu ex-clube.
"Eu me destaquei no Caxias do Sul e depois o Inter me contratou ainda no juniores, onde fui excelente. Subi para o Sub-23 e depois já estava no profissional. Abel Braga me abraçou e ajudou muito. Agradeço muito ao Internacional também, porque foram bastantes títulos coletivos e individuais na base. Tive um problema com a direção, mas não guardo rancor", afirmou.
"Não tenho mágoa do Internacional. Foi mais contratual e acho que uma falta de conversa. Mas não tenho mágoa e acredito que eles também não. É um clube que gosto muito e tenho muitos amigos", acrescentou.
Em bate-papo com a 'Goal', Murilo não só relembrou com carinho a sua fase no Inter, como também revelou sua admiração pelo técnico Abel Braga, considerado por muitos o "paizão" dos mais jovens.
"Abel me ajudou muito. Sem dúvidas, ele foi o meu melhor técnico. Estava realizando um sonho, ele conversava comigo, me elogiava. Depois eu vi ele falando bem de mim
quando já estava no Botafogo e ele ainda no Inter. É um cara que aprendi muito e sonho em trabalhar com ele de novo. É um ser humano excelente. Acompanhei o falecimento do filho dele e é o tipo de coisa que não entendemos, porque ele um cara muito bom.", disse.
Mas se de um lado as recordações do atual técnico do Fluminense são as melhores, o mesmo não se pode dizer da sua passagem apagada pelo Botafogo entre 2014 e 2015. Sem espaço no 'Alvinegro' com o técnico Renê Simões, o jovem acabou emprestado ao Macaé para a disputa da Série B do Brasileirão.
"O Botafogo foi outro clube que me abraçou. Só esperava um pouco mais de transparência do Renê Simões, merecia isso por conta do meu trabalho. Mas acho que o problema maior era o Botafogo estar na Série B. Com toda a pressão no clube, eu entendo um pouco o lado dele", admitiu.
"O tempo passa e vamos amadurecendo. Com toda a pressão no clube, ele sempre optava pelos jogadores mais experientes. Estava treinando bem e ele vinha até me elogiando, mas faltou oportunidade. Tanto que, depois que saí do Botafogo, ele me ligou falando que gostava muito do meu futebol e até me convidou para jogar com ele no Figueirense. Mas o Botafogo tinha acabado de me emprestar para o Macaé. Aí vemos como são as coisas, né? No momento eu fiquei triste, acreditava que poderia ajudar o Botafogo que apostou em mim. Mas não guardei mágoa dele. Tudo é aprendizado e o que selou isso foi esse convite", completou.
Com contrato com o Caxias, Murilo atualmente está emprestado ao Nacional da Madeira, de Portugal, até o final da temporada. E não bastou muito para o jogador se destacar no emblema madeirense. Com quatro gols, o atacante se mostra animado com o seu início no novo clube.
"Foi uma surpresa muito boa, com um começo ótimo. Estou muito feliz porque entrei no time desde o primeiro jogo como titular e venho correspondendo à altura. Não só com os gols, mas também com assistências e jogando os 90 minutos, que era o que eu precisava. Não esperava um início tão bom assim", pontuou.
Na Ilha Madeira, justamente cidade natal do craque Cristiano Ronaldo, Murilo revelou como a rivalidade entre o luso e Lionel Messi é tratada.
"Quando falam sobre o Cristiano Ronaldo, os olhos brilham. Eles sentem um orgulho muito grande, falam que é um cara que venceu na vida. A gente brinca perguntando quem é o melhor, e eles se orgulham de apontam o compatriota afirmando: 'entendemos que o Messi é fora do normal, mas no quesito de trabalho e mostrar que pode chegar a um outro nível, isso só Ronaldo mesmo'. Eles são apaixonados pelo CR7", afirmou.
OUTROS PONTOS DA ENTREVISTA
Diferença entre o futebol brasileiro e português
"Os treinos táticos são bem puxados. Eles são rigorosos nesse ponto. No Brasil, é mais o talento individual do jogador. Aqui, o que vence é o conjunto, são os pensamentos nos treinos, nos jogos. Como se fosse um estudo mesmo. O vídeo faz parte do treino, assim como a conversa. A principal diferença é que aqui o futebol é estudado. Para os jogadores que saem do Brasil, tem uma diferença muito grande".
Como recebeu a proposta do Nacional
"Eu estava em casa e recebi a proposta. Sempre quis um desafio fora do Brasil por conta do aprendizado. Fora que fica mais fácil pular um degrau já estando aqui. Mas o principal motivo foi o aprendizado mesmo. É um desafio, todos querem jogar na Europa".
Nove brasileiros no Nacional e muitas brincadeiras
"Somos nove brasileiros aqui. Todos se dão bem, nos divertimos no clube e fora. É importante a amizade, ainda mais longe de casa. Me abraçaram mesmo. Ainda não fizemos um churrasco, é até vergonhoso falar que um gaúcho ainda não fez (risos). Nossos encontros são mais jantares e resenhas. A resenha já vale muito, tem os brincalhões, os sofredores (risos). Acompanhamos também muito o futebol brasileiro".
Corinthians favorito ao título do Brasileiro e Flamengo "manco"
"Não sou bom para palpite (risos). Comecei apostando no Flamengo, mas agora está meio manco. Mesmo tropeçando alguns jogos, acredito que o Corinthians não vai perder esse título. Já o Grêmio é um dos melhores times com a bola. A equipe é muito boa, apesar de sofrer com alguns desfalques. A forma como comecou com o Roger e agora com o Renato Gaucho, lembra um pouco do pensamento europeu de ficar com a bola. Todo time que vai jogar contra eles, odeia por causa disso".
Planos para o futuro
"Coloco o futuro nas mãos de Deus. A gente só trabalha forte para as coisas acontecerem, apesar do jogador precisar impor desafios na carreira. Estou tendo uma oportunidade no Nacional e quero seguir crescendo. O primeiro passo é subir com o time, porque automaticamente vamos ser vistos. Depois, é um passo de cada vez. Sonho em jogar nas principais ligas do continente, mas não costumo pensar muito à frente".