Um currículo invejável, no qual constam uma Libertadores, um Mundial de Clubes e um bicampeonato brasileiro, entre várias outras conquistas importantes. Passagens marcantes por Internacional e Cruzeiro, dois gigantes brasileiros, e também pelo Paris Saint-Germain. Emoções como parar o imparável Ronaldinho no auge da carreira, vencer um Barcelona que parecia invencível e conquistar o Brasil, a América e o mundo.
Marcos Venâncio de Albuquerque, o Ceará, é daqueles jogadores que sempre serão lembrados com carinho e por ter tido uma carreira vitoriosa, daquelas que todo mundo sonha ter. Aliás, uma carreira que ainda terá mais alguns capítulos e tem, inclusive, um capítulo atual de respeito e sucesso.
Atualmente no América-MG, o lateral, aos 37 anos, é peça importante no elenco do 'Coelho', segundo colocado da Série B do Campeonato Brasileiro. O único decacampeão de Minas Gerais está próximo do acesso à elite nacional e tem a possibilidade de empatar em pontos com o líder Internacional nesta noite, se vencer o ABC em casa.
Não faltam grandes histórias na carreira de Ceará, e em entrevista exclusiva à 'Goal Brasil', o lateral contou várias delas em um bate-papo descontraído e cheio de resenha no CT do América-MG, o Lanna Drumond. A conversa, que poderia estar rolando tranquilamente até agora, durou mais de 40 minutos e passou, principalmente, por 'Coelho', Cruzeiro, Internacional e PSG. Confira:
Como está sendo essa nova fase no América-MG?
"Sempre que a gente muda de clube é um novo desafio e são geradas expectativas quanto a performance que o atleta vai ter e sobretudo um atleta em uma idade já mais avançada e com o histórico que tenho no futebol. Eu estou muito feliz aqui no América pelo momento do clube, de estar brigando pelo acesso e ter liderado a competição em algumas rodadas e estar vivendo um bom momento. Isso me ajudou bastante no começo. Joguei quatro jogos seguidos e depois entrei em outras partidas. A performance foi agradável, dentro da expectativa e fiquei muito feliz. Agora é torcer e trabalhar para que a gente conclua o ano bem com o acesso no final da competição."
Você é um cara rodado, que defendeu grandes clubes na carreira e teve grandes conquistas. Como é essa experiência agora, em um momento diferente na carreira, de ser um espelho e até um professor para a garotada? O América-MG tem muitos jogadores experientes, mas também tem muitos garotos.
"O atleta vai agregando várias coisas na sua trajetória, tanto conquistas quanto frustrações e sobretudo a experiência que se ganha com esses dois lados. Eu procuro transmitir essa experiência tanto para os atletas mais jovens quanto para aqueles que já possuem uma vivência maior no futebol. Isso até porque alguns conseguem aprender mais rápido, enquanto outros são mais cabeça dura e demoram um pouco mais para aprender e acabam repetindo seus erros."
"Eu procuro ser esse espelho tanto para um atleta vencedor quanto para um atleta batalhador, porque a gente não conquista nada sem se dedicar, se esforçar e lutar, e aqui no América não é diferente, porque eu assinei um contrato curto, só para a Série B, mas nesse período de contrato estou me dedicando ao máximo não só nos treinamentos e nos jogos, mas também fora de campo, para mostrar aos atletas que vale a pena a dedicação porque você é sempre recompensado com vitórias e conquistas."
Você já jogou e enfrentou grandes jogadores ao longo da carreira, mas tem algum jogador no América-MG te impressionou?
"O Matheusinho. Ele é um menino promissor, que subiu precocemente para o profissional. Apesar da sua estrutura física, ele é um grande jogador, muito talentoso, que reúne condições para obter sucesso na sua carreira e é um menino que me impressionou e chamou atenção não só pelo seu talento, mas também pela dedicação. Muitas vezes nós vemos jogadores jovens e talentosos mas que não têm dedicação, vontade e perseverança, e o Matheusinho tem isso também."
"Eu acredito que ele vai alçar voos mais altos e chegar longe no futebol. Depois dele, alguns jogadores mais experientes me chamaram atenção. O Ruy é um meia talentoso, que gosto de ver jogar. Joguei com ele no Coritiba e ele está cada vez mais consciente de que o futebol precisa de profissionalismo para que o seu rendimento seja cada vez maior. Também gosto muito do Renan Oliveira, que é um excelente jogador, muito técnico e talentoso."
Você deu algum conselho para o Matheusinho?
"Eu conversei com ele algumas vezes sobre dribles e posicionamento, porque eu falava muito isso no Cruzeiro para o Alisson e o Élber, que eram meninos rápidos, mas não tinham muito porte físico para jogar de costas para os adversários e precisavam de espaço para jogar. Eu falava para eles criarem os espaços, jogar um pouco mais por dentro para atrair o lateral adversário e deixar o lado de campo com mais espaço para uma enfiada de bola em profundidade e uma jogada de velocidade e ultrapassagem."
"Então eu falei com o Matheusinho para ele fazer e é importante dar o drible longo para também sair do corpo do adversário e chegar antes na bola. É claro que isso depende do espaço e local no campo, mas aos poucos ele vai pegando isso. E também é importante que os atletas mais leves, como ele, procurem as tabelas e jogadas rápidas, porque o lateral ou zagueiro adversário estará sempre de costas e é mais pesado para girar. Procurei passar esses e alguns outros detalhes para ele."
Você falou um pouco do Élber e do Alisson... Com eles, você foi bicampeão brasileiro e teve uma passagem especial no Cruzeiro. Existe um carinho diferente pelo clube? O que mais te marcou na Raposa?
"Certamente. Eu guardo no meu coração. A gente precisa ter um espaço no coração para vários clubes (risos), sobretudo aqueles em que você conseguiu conquistas relevantes e importantes, e no Cruzeiro eu consegui o bicampeonato brasileiro que poucos clubes conseguem dois títulos seguidos como conseguimos. No Brasil, vários clubes iniciam o torneio como favoritos, sempre uns dez clubes em cada edição entram muito fortes e como favoritos, então conseguir dois títulos seguidos é algo raro e difícil."
"O Cruzeiro ficou guardado no meu coração e o elenco que nós formamos tinha muita qualidade e era muito comprometido. O time foi bem dirigido pelo Marcelo Oliveira e pelo Alexandre Mattos, diretor de futebol, que estava sempre presente no vestiário e tendo contato conosco. Isso tudo ajudou para a gente sempre desempenhar nosso máximo dentro de campo. Foram dois anos muito bacanas e com o surgimento de novos talentos."
"O próprio Mayke que brigava comigo pela titularidade na lateral e a gente revezava bastante. Normalmente os jogos fora de casa que precisavam de um pouco mais de contenção defensiva, eu jogava, enquanto ele, nos jogos em casa, que precisava de mais ofensividade e leveza no ataque, jogava mais. O clube ficou no meu coração e eu estava na torcida agora por eles na final da Copa do Brasil, e fiquei muito feliz com mais um título nacional do Cruzeiro."
Como você disse, é raro um clube conseguir um bicampeonato brasileiro seguido como o Cruzeiro conseguiu, e não foi só isso, a Raposa dominou o Brasileirão nas duas conquistas, sendo campeã com folga. O que foi fundamental para fazer o time celeste dominar o Campeonato Brasileiro como dominou em 2013 e 2014?
"O comprometimento. Quando o atleta se compromete com a causa do clube e dá o seu máximo individualmente, o coletivo é beneficiado com essa entrega, e os atletas no Cruzeiro estavam realmente comprometidos com a causa de ser campeão brasileiro e fazer história no clube, marcar o nome na instituição. O Marcelo Oliveira falava muito isso: 'nós temos a oportunidade de marcar nossos nomes na história do clube, não vamos deixar essa chance escapar'. Nós montamos um grupo bacana, um elenco bom e o comprometimento fez muita diferença. Quando você tem 30, 35 jogadores em um plantel, e 90% está comprometido, você consegue trazer os outros 10% para a mesma vibe. E foi assim que aconteceu no Cruzeiro. Isso foi o fundamental para a gente dominar o Brasil por dois anos seguidos.
Antes do Cruzeiro brilhar, parte da torcida e da imprensa temia que o time vivesse um ano ruim em 2013. Isso porque eram muitas novidades de uma vez: um novo treinador e muitos novos reforços, praticamente uma nova equipe. Normalmente demora um tempo para que as coisas comecem a funcionar, os atletas consigam a adaptação e o entrosamento necessário e o treinador os melhores nomes e o estilo e esquema ideal para o time render ao máximo. No entanto, naquele Cruzeiro, o encaixe foi muito rápido e o resultado apareceu com a conquista do Brasileirão logo na primeira temporada. O que foi fundamental para o encaixar dar tão certo e ser tão rápido como foi?
"O que ajuda o atleta a se ambientar e ficar confortável dentro do clube é o bom ambiente dos atletas que já estão no clube e receberem os novos de braços abertos, sem vaidade e achar que vai perder seu espaço. Muitas vezes isso ocorre em elencos badalados, mas no Cruzeiro não. Quando eu cheguei no Cruzeiro, em 2012, o Alexandre Mattos, então diretor de futebol, me dava algumas caronas para ir para a Toca da Raposa II. Eu morava no Belvedere (bairro de BH), no hotel, e ele me levava para os treinos."
"A gente ia conversando no carro e ele me falava: 'olha, estamos montando um elenco para realmente fazer a diferença e conseguir algo expressivo em 2013 e 2014. Estamos montando o elenco aos poucos para ter uma base e mais qualidade para conquistar títulos'. E essa visão que ele tinha deu certo. Ele trouxe jogadores talentosos, que ainda não tinham renome nacional e internacional, mas estavam com sede de vencer e aparecer, como o Ricardo Goulart e o Everton Ribeiro, e também jogadores já mais conhecidos como o Marcelo Moreno, o Dagoberto e o Willian Bigode. E todos tinham a mentalidade de se comprometer, então o ambiente foi se tornando um ambiente familiar e propício para que o atleta desse o seu melhor. Tanto é que em pouco tempo os atletas já se sentiam em casa, todos estavam entrosados e jogando muito bem, e isso resultou nesses dois títulos."
Alguma resenha boa desse bom ambiente (risos)?
"(Risos) Eu não sou tão bom assim de resenha, mas o Tinga que era o craque disso no vestiário e tem muita resenha. Eu era mais próximo do Leandro Guerreiro e do Dagoberto, o famoso ranzinza, como é conhecido no futebol (risos). Ele reclama de tudo, cara. Se faz sol, ele reclama, se chove, ele reclama também. Se faz coletivo, ele reclama, se faz dois toques, reclama, se faz físico, também (risos)."
"Eu estava bem próximo dele e tentei ajudar muito ele nessa questão porque quando você tem jogadores que reclamam muito, às vezes os atletas com mentalidade mais fraca acabam reclamando muito também. E a gente ia junto do Belvedere para a Toca II, que gastava uns 40, 50 minutos, às vezes até uma hora ou mais, revezando: um dia eu dirigia e no outro ele, e a gente ia conversando e eu tentava amenizar essas reclamações para que não afetasse o grupo. Eu ficava tentando acalmar ele (risos), e consegui."
Falamos de um, agora vamos falar de outro clube que tem um espaço especial no seu coração. Antes do Inter, você vinha rodando bastante e o Colorado foi o primeiro gigante da sua carreira. Os grandes momentos todos conhecem, mas como foi a sua chegada no Internacional?
"Eu fui para o Inter com o contrato de oito meses após o Muricy Ramalho abrir as portas para mim no clube. Eu já tinha trabalhado duas vezes com ele, no São Caetano e na Portuguesa Santista, e ele me indicou. Eu tive poucas oportunidades de jogar naqueles oito meses, mas me impressionou a grandeza do clube. Era um estádio gigantesco, uma estrutura boa, boa academia, espaço no vestiário, sala de aquecimento bacana, torcida gigante e a paixão enorme pelo clube, e eu achava bacana porque lá os torcedores iam comprar as coisas nas lojas do clube e não nas ruas, e a gente é acostumado a ver uma pirataria gigante no futebol."
"Eu fui formado na base do Santos, e via os paulistas com essa pirataria forte (risos), mas lá no Inter era uma fidelidade incrível, do pessoal fazer fila para comprar os utensílios originais do clube na loja, e isso marca o jogador porque ele se identifica cada vez mais com o clube também. E depois, quando terminou o meu contrato, em 2005, com a gente classificado para a Libertadores, ficou o ponto de interrogação. Eu não sabia se ia ficar ou sair, mas queria ficar, porque nunca tinha disputado a Libertadores."
"O Muricy saiu para o São Paulo, mas ligou para o meu empresário e avisou que tinha me indicado para continuar no Inter e minha permanência iria depender do presidente e do novo treinador que ninguém ainda sabia quem seria. Eu estava de férias, e aí no dia 15 de dezembro me ligaram falando que queriam sentar para conversar para renovar meu contrato. Eu acertei uma renovação de três anos e eles compraram 50% do meu passe, que era meu."
"Já na pré-temporada, com o Abel Braga, eu comecei a ganhar espaço, e o Élder Granja, que era o titular da lateral-direita, só iria se apresentar dez dias depois por conta da Libertadores, já que nós tínhamos dois grupos: um do Estadual e outro da Libertadores. Eu comecei o Estadual jogando e estava muito bem, e na estreia da Libertadores, o Abel me colocou como titular, nem colocou o Élder, e eu fiz o gol na estreia contra o Maracaibo, no empate em 1 a 1, e fui me firmando na equipe como titular."
"No entanto, nós perdemos o Gaúcho para o maior rival, e a torcida se revoltou e começou a pedir a volta do Élder Granja, do Jorge Wagner e de outros titulares que tinham perdido a titularidade, e nas oitavas e quartas de final, o Élder quem jogou. Mas na semifinal ele sentiu uma dor na panturrilha e eu pude jogar contra as semifinais e os dois jogos da final contra o São Paulo. Nós fomos campeões e agradeci muito Deus porque tive a oportunidade não só de disputar a Libertadores, mas também de conquistá-la."
"Depois veio o auge no Mundial de Clubes de poder enfrentar o Barcelona, quando nem talvez o mais fanático torcedor do Inter acreditasse que poderíamos ganhar, mas conseguimos e marquei o nome na história do clube. Depois veio a Recopa também e o Inter foi o clube que dividiu a minha carreira. Existe para mim o antes e o depois do Inter."
Sobre o Mundial, como foi parar o Barça de Ronaldinho, Deco, Eto'o, Xavi, Iniesta e companhia? E quando o Abelão virou para você na preleção e disse: 'sabe aquele camisa 10 do Barcelona, que tem dois prêmios de melhor do mundo nas costas? Você vai ter que marcar ele'?
"(Risos) Cara, esses são os momentos marcantes e que dividem os jogadores entre os grandes e aqueles que ficarão no meio do caminho. Eu me considero um privilegiado porque ali foi o ápice. Bater o Barcelona no momento em que estavam e com os jogadores que tinham... E o pior nem foi na preleção (risos), foi nos dois treinos antes da final. A gente viu a semifinal do Barcelona contra o América (do México) e eles meteram 4 a 0 fora o baile, o show, enquanto a gente passou apertado vencendo o Al Ahly (do Egito) por 2 a 1."
"Então a gente estava naquela descrença, né, pensando se realmente iríamos conseguir ganhar. Além disso também tinha o fuso horário mais a minha responsabilidade de marcar o Ronaldinho. Cara, deu dor de barriga e tudo e eu tinha que ir no banheiro toda hora (risos). Mas eu acho que o ponto fundamental na nossa conquista foi um vídeo que nós vimos no dia anterior ao jogo."
"O Abel pegou um jogo que o Barcelona perdeu para o Chelsea, na Champions League, e mostrou os erros do Barcelona naquele jogo. Ali, ele colocou na nossa cabeça que o Barça não era um time imbatível e que também errava, perdia e tinha as suas falhas. Ele mostrou o que o Chelsea fez para ganhar e como conseguiu ganhar do Barcelona, e aquilo nos deu mais ânimo e esperança. Nós fomos para o treino tático e o Abel nos mostrou o que teríamos que fazer para ganhar o jogo."
"Depois, de noite eu fui dormir e rezei muito, pedi a ajuda de Deus, na verdade, supliquei (risos) porque era uma missão nada simples e além do que eu estava habituado a fazer. Fui então para o jogo e na hora do aquecimento e da preleção, você já está sendo influenciado pelo ambiente, e a preleção do Abel foi muito boa e encorajou a gente. Na roda para rezar antes da partida, o Fernandão nos motivou muito e nos mostrou que a gente não tinha caído ali de paraquedas, que estávamos ali porque tínhamos qualidade e merecíamos estar ali."
"Ele foi um grande capitão, que tem muito mérito na nossa conquista, e entramos em campo como se fosse o jogo de nossas vidas. Todos deram o seu máximo e graças a Deus e ao empenho de todos, conquistamos esse título e conseguimos realizar esse feito histórico. Foi tão histórico que o Gabiru quem fez o gol do título (risos). Logo o cara que estava sendo contestado por todo mundo fez o gol. Foi realmente o momento do herói improvável, que ninguém acredita e espera, e ele me entra e faz aquele jogo. Eu acho que nem ele acreditou (risos)."
(Risos) Como foi com o Gabiru depois no vestiário?
"Cara, nós tínhamos uma figuraça naquele time, né, o rei da resenha, que é o Perdigão. Esse bate qualquer um na resenha (risos). Ele agitava todo mundo e ficou sacaneando o Gabiru. Ele no vestiário ficou falando: 'ninguém acreditava que você ia fazer isso, cara. Quando o Fernandão saiu, machucado, eu pensei: 'vish, agora já era, já era o nosso sonho' (risos)'. Acontece que a nossa "esperança" também estava no Fernandão, no Pato, que eram jogadores muito qualificados, e quando entra o Gabiru, pô, a gente fica até meio desesperançoso, desanimado (risos)."
"Mas acho que estava tudo previsto para ele ser o herói improvável e ficamos muito felizes com esse gol que ele fez e a volta por cima que ele deu, porque ele vinha sendo muito criticado pela torcida, e a torcida pediu até desculpas pra ele."
O que você planeja fazer no futuro? Seguir no América-MG, ir para outra equipe ou já se aposentar? E após a carreira você pensa em fazer o que? Você leva jeito para ser técnico, hein...
"(Risos) Rapaz, a única coisa que não quero fazer no futebol é ser treinador (risos). Cara, vou te contar porque. O treinador não descansa mentalmente, ele chega mais cedo no clube, prepara todo o treinamento e depois do treinamento ele vai pensando em tudo, nas estratégias, em cada jogador e quais mudanças técnicas e táticas ele pode fazer na equipe, fora os adversários. O treinador trabalha muito e além. Já o atleta chega no clube e já está tudo montado é só treinar, ir embora, vai para casa, aproveita a família e é mais tranquilo."
"Por isso não pretendo ser treinador, e também porque a rotina de concentração e viagens vai seguir a mesma, e estou há quase 20 anos nessa vida de profissional, e essa rotina é cansativa. Eu pretendo ficar mais próximo da minha família e dos meus filhos após o fim da minha carreira. E pretendo ser agente de atletas quando pendurar as chuteiras, agenciar jovens talentos e também jogadores já em evidência e poder ser útil para esses atletas, e acho que é uma profissão em que você consegue conciliar e resolver algumas coisas por telefone e e-mail, com a tecnologia, e viajar menos, somente na conclusão de uma transferência ou outra."
"Mas isso é mais no futuro (risos). Não vou cravar se vou jogar mais um ou dois anos, mas na minha cabeça pretendo jogar até os 40, o que dá mais uns dois anos, até o final da temporada de 2020. Mas isso vai depender de ofertas e propostas. Eu tenho uma proposta de um amigo que tem um clube na quarta divisão da França, que se chama Lusitanos, e ele é um dos proprietários. Ele me convidou para fazer um ano com eles e depois me aposentar. Eu estou analisando isso ainda. Por enquanto estou pensando em ficar por aqui, no Brasil, por mais um ou dois anos e aí jogar um ano com eles e encerrar a carreira."