Camilo já não é mais jogador do Botafogo. O camisa 10, que caiu nas graças da torcida e mudou o time de patamar em 2016, não conseguiu repetir as exibições da temporada passada e agora vai defender o Internacional na Série B do Campeonato Brasileiro.
A passagem por General Severiano foi intensa, e está no coração do meia-atacante. Isso fica claro nos recados por ele postados nas redes sociais, em textos que mostram emoção e agradecimento pelas 57 partidas, 7 gols e uma vaga para a Pré-Libertadores de 2017 conquistada em um time que, antes da sua chegada, era tratado como favorito ao rebaixamento.
Mas se o Internacional ganha uma opção para a criação de jogadas ofensivas, o que o Botafogo perde com a saída de Camilo? Em entrevista coletiva, o técnico Jair Ventura garantiu que gostaria de seguir com o jogador dentro do elenco. Entretanto, pesou a vontade de respirar novos ares depois de ver o seu rendimento e posição dentro do time mudarem.
“Fui pego de surpresa com a saída dele e contra, mas foi opção do atleta. O relacionamento com os atletas é ótimo. Um grande exemplo disso foi o Montillo, que me colocou entre os melhores treinadores. Meu coração só cabe coisas boas. Desejo toda a sorte para o Camilo”, disse o treinador.
No entanto, Camilo não se sentia mais tão abraçado dentro do grupo – embora tenha garantido que o relacionamento era bom. Tudo começou quando o meia manifestou o seu descontentamento com a posição de reserva, em abril. A situação foi contornada, e pouco depois o jogador fez um gol decisivo contra o Atlético Nacional, pela Libertadores – o seu único no ano.
Só que, como o próprio Camilo reconheceu, o seu desempenho sofreu uma grande queda em relação a 2016: não fez tantos gols, tampouco criou tantas chances. Ainda que durante boa parte do ano a concorrência com Montillo o tivesse relegado a um papel mais defensivo, Camilo não aproveitou as muitas oportunidades que teve no longo período de ausência do argentino – que, assim como Camilo, não segue mais no clube.
Nas suas últimas três partidas com o Glorioso, o jogador saiu do banco e não conseguiu fazer a diferença. Além disso, em 2017 a equipe se acostumou a jogar sem Camilo na equipe titular. Tanto no Brasileirão quanto na Libertadores, as grandes armas dentre os jogadores de linha são Roger [responsável por metade dos gols alvinegros no Brasileirão], Rodrigo Pimpão [artilheiro na Libertadores e principal criador de jogadas ofensivas] e o forte meio-campo formado por Bruno Silva, Rodrigo Lindoso e João Paulo.
Roger cala os críticos Jair explica vitória O duelo pela média de público
Grande amigo de Camilo dentro do Botafogo, Pimpão lamentou a sua saída: “Conversávamos muito. Profissão é assim. Futebol é assim. Se não está legal em um legar, tem outros clubes que se interessam. Fico feliz por ele”.
No entanto, se parte do elenco vai sentir a falta da pessoa Camilo, dentro de campo a sua saída não deve alterar muito os rumos do Botafogo – levando em consideração o que ele vinha apresentando. Atualmente, o jogador mais criativo de meio-campo é João Paulo, que vive grande fase, e o chileno Leo Valencia também chega para ajudar na criação. O Botafogo queria manter Camilo, mas está seguro por não ter construído uma dependência do jogador.