A expectativa se tornou realidade. Como esperado, Cristiano Ronaldo ganhou a Bola de Ouro nesta quinta-feira (7), sendo coroado o melhor do jogador do planeta em mais uma temporada. O gajo faturou a honraria pela quinta vez na carreira, igualando o recorde de Lionel Messi como maior vencedor da história. Depois do The Best, da Fifa, em outubro, o português ganhou também o prêmio da tradicional revista France Football, levando os dois principais reconhecimentos individuais do mundo futebolístico no mesmo ano mais uma vez.
E o camisa 7 merece. Zinedine Zidane adotou uma estratégia que se mostrou muito certa ao longo da última temporada: o português não gostou muito, mas foi poupado de várias partidas e teve seu ano com menos minutos em campo pelo Real Madrid, entrando no rodízio do francês e sendo substituído muitas vezes.
No entanto, CR7 chegou inteiro, descansado e voando na reta final e decisiva de 2016/17, sendo fundamental para os Blancos conquistarem o inédito bicampeonato da Uefa Champions League e voltarem a ganhar La Liga depois de cinco anos, encerrando um incômodo jejum.
Outra mudança foi no posicionamento. Aos 32 anos, Cristiano Ronaldo não é mais garoto e, ao invés de jogar aberto pelo lado esquerdo, como foi na maior parte de sua carreira, buscando dribles e jogadas individuais em velocidade, o gajo jogou muitas vezes como centroavante e definindo os lances na última temporada.
Cada vez mais, aquele garoto driblador, que adorava firulas, dá lugar ao craque objetivo e definidor, que quer vencer acima de tudo. E a mudança de Zidane surtiu muito efeito, com o atacante sendo crucial - e histórico - em momentos decisivos para o Real Madrid.
Como referência no ataque madrilenho, CR7 marcou dez gols em cinco jogos na reta decisiva da Champions, nos duelos das quartas de final contra o Bayern de Munique, da semifinal contra o Atlético de Madrid e na decisão contra a Juventus. Impressionante.
Vital nas conquistas da UCL e de La Liga, decisivo e com feitos espetaculares, Cristiano Ronaldo merece o prêmio de melhor jogador do ano. Afinal, ele jogou muita bola e foi primordial em dois grandes títulos. Ele apareceu quando o Real mais precisou dele, contra adversários de enorme peso, na hora da verdade.
Além disso, o camisa 7 também foi o artilheiro da Champions, com doze gols, e conquistou o Mundial de Clubes e a Supercopa da Europa. Já pela seleção portuguesa, teve média superior a um tento por jogo e garantiu a vaga direta na Copa do Mundo da Rússia.
A importância e a temporada espetacular do gajo são indiscutíveis, assim como o merecimento de seu quinto prêmio de melhor jogador do planeta.
No entanto, existe um ponto interessante. CR7 merece a honraria, sem sombra de dúvidas, por tudo o que fez e conquistou na temporada, mas Lionel Messi teve números superiores ao gajo em 2016/17.
Messi marcou mais gols, deu mais assistências, driblou mais, participou mais do jogo de sua equipe, criou mais chances de tentos. Enfim, foi superior em todos os quesitos. O craque argentino, porém, viveu uma temporada na qual o Barcelona decepcionou. Não conseguiu o tricampeonato espanhol e foi eliminado nas quartas de final da Champions League pela Juventus. Seu único título foi a Copa del Rey. Já nas artilharias, se ficou atrás de CR7 na Champions, foi o goleador máximo de La Liga.
Não deixa de ser curioso que Messi, apesar da ausência de grandes conquistas, viveu uma temporada, nos números, melhor que o gajo. E apesar de não ser tão brilhante na maioria das grandes partidas (Neymar liderou a virada contra o PSG na Champions e ele teve atuação aquém do esperado contra a Juventus), o argentino foi fantástico na fase de grupos da UCL, artilheiro de La Liga e espetacular na vitória sobre o Real Madrid em pleno Santiago Bernabéu, conquistada com um gol seu no último suspiro do clássico e marcada pela sua comemoração icônica.
Neymar, por sua vez, ficou aquém da dupla que domina a premiação de melhor futebolista do mundo desde 2008. O craque brasileiro teve um bom ano no Barcelona, brilhando e sendo o protagonista de momentos mágicos como a virada épica sobre o PSG na Champions League e também o líder de assistências da competição continental.
Já pela Seleção Brasileira, o atacante manteve seu nível espetacular habitual com a Amarelinha e teve um desempenho sensacional. No período que a Bola de Ouro leva em consideração para a votação do melhor do mundo, o camisa 10 marcou seis gols e deu seis assistências em sete jogos. No entanto, Neymar ficou abaixo de Messi e Cristiano Ronaldo tanto nas estatísticas quanto no desempenho geral ao longo de 2016/17.
No fim das contas, Lionel Messi teve os melhores números e alguns grandes momentos, mas o futebol, é claro, não é feito apenas de estatísticas. CR7 foi decisivo e fenomenal nos momentos cruciais, ganhando grandes e os mais importantes títulos sendo vital para o Real Madrid. O gajo merece a Bola de Ouro e, cada vez mais, se firma entre os maiores da história.
CR7, afinal, além de todos os títulos com o Real Madrid e dos cinco prêmios de melhor jogador do mundo, já conseguiu o que nem o mítico Eusébio conseguiu: levar Portugal a uma grande conquista, com o título da Euro 2016. A Bola de Ouro também representa para o gajo a igualdade na disputa particular com Lionel Messi e a consolidação - como se fosse ainda mais necessário - da "rivalidade".
A honraria e a forma como Cristiano Ronaldo conquistou a Bola de Ouro também servem de aviso para o presente/futuro próximo. Cada vez mais, ele se torna um centroavante e fazedor de gols decisivos. Com o passar dos anos, seu estilo de jogo está se modificando, mas ele segue decisivo e um dos melhores do mundo, e ainda deve lutar por mais premiações nas próximas temporadas.